É muito comum a dúvida quanto ao uso do acento grave em construções como a que dá título a este texto: “Ir à praia ou ir a praia?”. Sobre isso, sempre ouvimos a pergunta: “Tem crase ou não tem crase?”. Uma pergunta que já na elaboração demonstra um pensamento equivocado de quem a fez. Crase não é o nome do acento, mas sim o nome do fenômeno fonético que ocorre devido à contração de duas vogais idênticas; neste caso, o artigo feminino A e a preposição A. Na língua portuguesa, tal fenômeno é indicado graficamente pelo acento grave ( ` ).
Não irei à cidade hoje.
Chegarei à uma hora e voltarei às oito.
O que determina se ocorre crase ou não?
Quem determina se ocorre crase ou não é a palavra anterior ao A, de acordo com sua regência; ou seja, é o verbo ou mesmo um nome (termo que abrange, em gramática, os substantivos, advérbios e adjetivos) que indicará se há necessidade de uma preposição ou não. Por esta razão, o item da gramática que aborda esse assunto é chamado de regência verbal e regência nominal.
Como identificar a necessidade de usar o acento grave?
Apesar da dificuldade que a maioria das pessoas encontra ao usar o acento indicativo de crase, há alguns recursos que podem ser utilizados para identificar a necessidade de seu uso:
1. Um dos recursos mais utilizados é a troca de preposição: A preposição A relaciona-se com as preposições para, de, em, por. Neste caso, pode-se tentar trocar a preposição por uma destas outras. Se desta troca resultar as formas para a, da, na, pela, o A pode ser acentuado.
Fiz uma excursão para Brasília – Fiz uma excursão a Brasília.
2. Troque a palavra feminina por uma masculina equivalente; ou seja: substantivo comum no lugar de substantivo, pronome no lugar de pronome etc. Essa troca não pode ser feita de maneira aleatória, nem usada como único recurso para justificar a presença ou ausência da crase e deve-se observar, ainda, o seguinte:
Se, antes da palavra masculina, aparecer ao(s), use crase antes da palavra feminina. Ex.: Ele se dirigiu à fazenda. / Ele se dirigiu ao clube.
Se, antes da palavra masculina, aparecer apenas a preposição a ou artigo o, não se usa crase antes da palavra feminina. Ex.: Os turistas visitaram a cidade. / Os turistas visitaram o museu.
Se, antes da palavra masculina, aparecer apenas a preposição a ou artigo o, não se usa crase antes da palavra feminina. Ex.: Os turistas visitaram a cidade. / Os turistas visitaram o museu
Dependendo de certos fatores , o emprego do sinal de crase pode ser obrigatório, opcional ou proibido.
Casos em que a crase é obrigatória:
1. Em locuções adverbiais femininas de tempo, modo e lugar. Exemplos:
Cheguei às dez horas.
Leu o texto às pressas.
Voltaremos à cidade em breve.
2. Em locuções prepositivas ( à + palavra feminina + de) e conjuntivas (à + palavras feminina + que). Exemplos:
Ela saiu à procura de ajuda.
Ficava preocupada à medida que os filhos demoravam a chegar.
Casos em que a crase é opcional:
1. Com pronomes possessivos (minha, sua, nossa etc.). Ex.: Ele se dirigiu à minha irmã. / Ele se dirigiu a minha irmã.
2. Com nomes de mulher. Ex.: Eu me refiro à Patrícia. / Eu me refiro a Patrícia.
3. Com a palavra até. Ex.: A estrada vai até à praia. / A estrada vai até a praia.
Casos em que a crase é proibida:
1. Com palavras masculinas. Ex.: Escreva o texto a lápis.
2. com verbos. Ex.: Ela começou a escrever.
3. Com os demonstrativos esta (s), essa (s) e o relativo cuja (s). Ex.: Dou valor a essa vitória.
4. Com pronomes pessoais do caso reto e pronomes de tratamento. Ex.: Obedeço a ela, não a Vossa Senhoria.
5. Com preposição A + palavra plural. Ex.: Referia-se a questões políticas.
6. Entre palavras repetidas. Ex.: Estávamos frente a frente.
7. Com nomes de cidades (sem especificativo). Ex.: Iremos a São Paulo.
8. Com a palavra casa (sem especificativo). Ex.: Chegamos cedo a casa.
9. Com a palavra terra (no sentido oposto ao de água). Ex.: O náufrago chegou aterra.
Observações:
1ª) Com nomes de cidade, havendo especificativo, ocorrerá crase. Ex.: Iremos à bela São Paulo.
2ª) Se a palavra casa apresentar um especificativo, ocorrerá crase. Ex.: Chegamos cedo à casa de nossos amigos.
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Atualizado em 03/01/2020.
Ela dirigia se a fazenda ??
Oi, Guilherme. Não entendi o que você quer saber.
Macete: Quem vai a Brasília, vem de Brasília. Com a crase “de” não se usa crase.
Macetezinho bem singelo que aprendi na escola:
Se eu vou e venho da, nesse caso crase há.
Ex: Vou à Bahia – Venho da Bahia
Se eu vou e venho de, nesse caso crase pra que ?
Ex: Vou a Roma – Venho de Roma.
Peninha, obrigada. Já fiz a correção!
Tem um erro no artigo
Fiz uma excursão para Brasília – Fiz uma excursão a (não à) Brasília
Elaine, muito obrigada! Esse blog é feito com muito carinho. Beijos!
Oieeee….tem uns selos pra você no meu blog. São uma demonstração do carinho e respeito por seu trabalho. Abcs.
Este blog está cada vez melhor!!! rsrs
Parabéns pela iniciativa de sugestões bibliográficas.
Uma ótima noite.
Bjinhos.