Quem deseja escrever um bom texto se preocupa com a pontuação, a acentuação gráfica, a organização frasal e tudo o mais que sirva para produzir um texto claro, conciso e bom de ser lido. Há, no entanto, alguns aspectos que, por muitas vezes, escapam ao cuidado do redator; um deles é o uso da inicial maiúscula em certos vocábulos. Certamente, alguém dirá que esse é um assunto banal e não seria merecedor de um texto no blog, afinal todo mundo sabe que “todo nome próprio é grafado com inicial maiúscula, assim como os começos de frase”. Seria um assunto tolo se muita gente não se esquecesse o que é o tal nome próprio, aprendido ainda no início de nossa vida escolar.
Dia desses, enquanto lia uns textos na internet, encontrei uma frase que dizia, mais ou menos, o seguinte: “José, formado em direito”. José pode até ser um bom profissional na carreira escolhida, mas está em dívida com a língua portuguesa, pois sua frase deveria ser : “José, formado em Direito.” E por que motivo deveria ser escrita assim?
Requerem inicial maiúscula:
- Nomes de artes, ciências, disciplinas, escolas de qualquer grau de ensino, usados como áreas de conhecimento: Direito, Matemática, Escola de Música, Língua Portuguesa. Ex.: “Eu ensino Língua Portuguesa”, mas “Eu falo língua portuguesa”; “Ele é formado em Direito”, mas “Você não tem esse direito”.
- Antropôninos (nomes de pessoa), apelidos, topônimos (nomes de lugares), nomes de empresas e demais substantivos próprios: Antônio, Sousa, Moraes, Coração de Leão, Madagascar, Rio de Janeiro, Paris, Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Nokia.
- Nomes sagrados, religiosos, mitológicos, astronômicos: Deus, Júpiter, Via-Láctea. A inicial maiúscula pode ser usada também, por tradição, nos pronomes que se referem a Deus e à Maria, mãe de Cristo (“Nós Vos adoramos”, “Cremos nEla).
- Nomes de altos conceitos religiosos, sociológicos, políticos: a Igreja (= a instituição católica); a Religião (= a religião cristã); a Pátria (=a nossa pátria); o Senado; a Câmara.
- Nomes de épocas históricas, datas importantes, atos ou festas solenes, grandes empreendimentos públicos: : a Idade Média, a Revolução Francesa, a Renascença, o Descobrimento do Brasil; a Páscoa, o Natal.
- Títulos de obras ou criações do intelecto humano (arte, ciência, cultura): a Nona Sinfonia, a Divina Comédia, Dom Casmurro.
- Nomes de cargos eminentes: Papa, Cardeal, Arcebispo, Governador ( Observa-se na imprensa, no entanto, o uso corrente da minúscula, mas isto é um descuido linguístico). A minúscula somente deveria ser empregada de modo a generalizar o emprego.
- Títulos de leis, decretos, atos, usados em correspondências oficiais: Lei do Inquilinato, Decreto-Lei, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional…
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam região: o Norte, o Sul, o Sudeste.
- As expressões Fulano, Beltrano e similares, quando usadas no lugar de nome próprio.
- Nomes comuns usados como nomes próprios: o Amor, o Ódio.
- Nomes compostos ligados por hífen mantêm sua autonomia: Grã- Bretanha, Acordo Luso-Brasileiro, Capitão-de-Mar-e- Guerra.
E quando não se deve usar as iniciais maiúsculas?
- Iniciais dos nomes dos meses: janeiro, fevereiro…
- Partículas monossilábicas: Viagem ao Centro da Terra.
- Iniciais de adjetivos que designam nacionalidade ou naturalidade: os brasileiros, os cariocas, os baianos.
- Nomes próprios usados como nomes comuns: castanha-do-pará
- Nomes de festas pagãs: carnaval
- Depois do dois-pontos ( : ) que não precedam citação ou nome próprio e depois de pontos-de-interrogação ou exclamação, se o sentido da frase estiver incompleto até essas anotações. Ex: “Comprei duas blusas: uma vermelha e uma branca”; “Meu Deus! Meus Deus! onde estás que não respondes ( Navio Negreiro, de Castro Alves)
Estou conhecendo este blog agora, mas ja vi que vou acessá-lo frequentemente pois o conteúdo esta bastante interessante, to aprendendo mais de lingua portuguesa aqui do que aprendi no colégio, rs. Brincadeira a parte, é porque (pq ta certo? rs) agora tenho um pouco mais de interesse em redigir textos claros e consisos, faceis de serem lidos. parabens pelo blog.
Quero parabenizar as excelentes orientações que sempre encontro, neste blog, com referência à língua portuguesa! Sempre oriento meus acadêmicos a consultá-lo!
Profolga- Univali – Itajaí – SC
Sam, belíssima contribuição para este texto! Vou escrever um novo sobre isso. Um abraço!
Se me permite, dois aparte e uma dúvida.
A dúvida:
Porquê (pq certo?) as festas pagãs não devem ser maiusculizadas? Existe mesmo uma regra que o prevê? Mas… a língua não é laica (como o Estado deveria ser)?
O 1º Aparte:
Em Portugal os nomes dos meses é em maiúscula 🙂
O 2º Aparte:
É interessante como depois mudamos de idioma e as regras se alteram totalmente. Por exemplo, no inglês adjetivos referentes a um país (japonês, brasileiro, português) são com inicial maiúscula, em alemão todos os substantivos são em maiúscula e em idiomas não latinos (não sei se todos, mas os que possuem alfabeto árabe pelo menos) não existem sequer maiúsculas / minúsculas!