Língua Portuguesa

Crase: agradecemos a todos ou agradecemos à todos?

“Agradecemos a todos  ou agradecemos à todos”: qual  é a  forma correta? Devemos  ou  não usar  o  acento indicativo de  crase? Certamente,  essas  são perguntas  feitas  por   muitas  pessoas  na hora de  redigir um  texto. Veja abaixo o  que é a crase e  em  quais  casos  ela  ocorre.

O que é crase?

Crase  é  fenômeno fonético  que  ocorre devido à  contração de duas  vogais idênticas.  Ele acontece no encontro da preposição A com  o  artigo a, as, ou com o  pronome demonstrativo feminino a, as, bem  como  o a dos demonstrativos aquela,  aquele, aquelas,  aqueles, aquilo e dos relativos a qual e as quais. Na língua  portuguesa, o fenômeno  é  indicado  graficamente pelo acento grave ( ` ). Veja abaixo alguns  exemplos:

  • Não irei à cidade hoje.  –  A crase resulta da contração da preposição exigida pela  regência do verbo ir (ir A) com o artigo   feminino que  antecede o substantivo feminino cidade (A cidade).
  • Quero agradecer  àquele rapaz.  – A preposição  exigida  pelo verbo agradecer   contraiu-se com o pronome demonstrativo aquele.
  • Desconheço  a música de Caetano Veloso  à qual você fez referência. –  A crase resulta da contração da   preposição exigida pelo substantivo referência com  a preposição que acompanha o pronome  relativo.

A todos

 

Casos em que a  crase  é obrigatória:
1.  Em locuções adverbiais  femininas  de  tempo, modo e   lugar.  Exemplos:
Cheguei às  20 horas.
Entrou na sala às pressas.
Voltaremos  à  cidade no  próximo ano.
2.  Em locuções  prepositivas ( à + palavra  feminina + de) e  conjuntivas ( à + palavras feminina + que). Exemplos:
Ela saiu à procura de  ajuda.
Ficava preocupada à  medida que os  filhos demoravam a  chegar.
Casos em que a  crase  é  opcional:
1. Com pronomes   possessivos  (minha, sua, nossa etc.). Ex.: Entreguei os livros à minha irmã.  /  Entreguei os livros  a minha  irmã.
2.  Com nomes  de   mulher. Ex.:  Eu me dirigi  à  Luiza. / Eu me dirigi a Luiza.
3. Com  a  palavra até. Ex.:  A estrada   vai até à praia. /  A estrada   vai  até a  praia.
Casos em  que  a  crase é proibida:
1.  Com palavras  masculinas.
Exemplos:  Escreva o  texto a  lápis.
A tela era  uma pintura a óleo.
2. Com verbos. Ex.: Ela começou a  escrever.
3. Com os  demonstrativos esta (s), essa (s) e o relativo cuja (s). Ex.: Dou   valor  a essa   conquista.
4. Com pronomes  pessoais do  caso  reto e  pronomes de tratamento. Ex.: Obedeço a  ela, não  a   Vossa   Excelência.
5. Com preposição A +  palavra  plural. Ex.: Referia-se a  questões educacionais.
6. Entre palavras  repetidas.  Ex.: Estávamos   frente a  frente.
7. Com nomes de  cidades (sem especificativo).  Ex.: Iremos a  São José dos Campos.
Cabe ressaltar que a  expressão  São José dos Campos repele o artigo em outras construções: viver em São José dos Campos;  sair de  São José dos Campos; a caravana passa por São José dos  Campos.
8. Com a palavra casa (sem especificativo). Ex.: Chegamos  cedo  a  casa.
9.  Com a  palavra   terra (no sentido  oposto ao  de  água). Ex.: O náufrago  chegou  a  terra.
Observações:
1ª) Com nomes de  cidade, havendo especificativo, ocorrerá crase. Ex.: Iremos à   bela  São José dos Campos.
2ª) Se a palavra  casa   apresentar um especificativo,  ocorrerá crase. Ex.: Chegamos cedo à  casa de  nossos  amigos.

Leia  também no  blog:

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9 Comments

  1. A frase
    Á você… Professora e Professor, meu carinho , admiração, gratidão e meu amor… Sempre!
    Está correta?

    1. Oi, Rafaela. Tudo bem?

      Há algumas coisas que precisam ser corrigidas no seu texto.

      1) Crase: Não ocorre crase com o pronome você. Sugiro o acesso a outro texto publicado no blog, por meio do qual eu disponibilizo material de estudo para download:
      https://conversadeportugues.com.br/2019/06/3-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-a-crase/

      2) Pontuação: Nada há que justifique o uso das reticências no trecho “Á você… Professora e Professor” – A pontuação usada em vocativos é a vírgula; sendo assim, esse trecho corretamente escrito é “A você, professora e professor, meu carinho , admiração, gratidão e meu amor, sempre!

      Sugiro a leitura do texto: https://conversadeportugues.com.br/2018/06/sinais-de-pontuacao/. Contém exercícios.

    1. Oi, Karla. Não está correto nem o uso do acento grave, indicativo de crase, nem do pronome relativo presente na frase.

      O pronome relativo QUAL é usado nas orações adjetivas explicativas para substituir o “que” e serve para enfatizar o antecedente ou melhor explicitá-lo. Na frase enviada por você, não existe uma oração explicativa, mas, sim, uma oração adjetiva restritiva. Como deve ficar: ” Ela é a pessoa QUE eu abordei” ou “Ela é a pessoa abordada por mim”.

      Quanto ao uso do acento indicativo de crase, nada há na frase que provoque a ocorrência do fenômeno.

      Confira outros textos sobre a ocorrência da crase:

      3 coisas que você precisa saber sobre a crase – https://conversadeportugues.com.br/2019/06/3-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-a-crase/

      Simulado sobre o uso dos pronomes relativos:
      https://conversadeportugues.com.br/simulados/uso-dos-pronomes-relativos/

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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