Redação

O que é clareza textual?

Escrever um bom texto  não é nada fácil e torná-lo claro  para quem o  lê é mais difícil ainda. Alguns dias atrás, devolvi os artigos produzidos por alguns de meus alunos e a dificuldade foi convencê-los  de que nem tudo o que pensaram ter escrito realmente ficara claro no artigo. Equivocadamente, muita  gente acha que um  texto está perfeito apenas se não apresentar erros de ortografia, mas é  bom esclarecer que de nada adianta ortografia perfeitinha se o  autor  não for capaz de transmitir sua ideia com  objetividade. Há alguns fatores que podem  prejudicar a clareza do  texto: pontuação imperfeita, imprecisão vocabular, ambiguidades.

Quando  a pontuação atrapalha?

Observe como a  pontuação  pode  alterar completamente o  sentido de uma  frase.

1.    Perdoas? Não discordo.

Perdoas? Não, discordo.

Um ótimo  exemplo de como a pontuação pode  alterar o sentido do  texto  é a campanha comemorativa dos cem anos da Academia Brasileira de Imprensa.

Se não conseguir  visualizar o  player, clique AQUI.

Como usar pronomes relativos ou possessivos sem prejudicar o texto?

 

1.Observe a  frase “A irmã de Paulo, que mora em  Londres, veio ao  Rio de Janeiro”. Quem mora em  Londres: Paulo ou  a irmã? A ambiguidade foi  provocada pelo uso do pronome relativo  QUE.  Apesar de  não haver erro na frase, não  é possível identificar o referente do  pronome relativo. Vejamos, então, uma outra possibilidade de escrita:

A irmã de Paulo, a qual  mora em  Londres,  veio ao  Rio de Janeiro. O pronome relativo QUAL, nas orações adjetivas explicativas, substitui  o que e  serve para enfatizar  o  antecedente  ou  melhor  explicitá-lo.

2. Outra ambiguidade aparece na frase “João, Pedro  levou os seus livros”.  A quem  pertencem os  livros: a  João ou  a Pedro? Temos  uma  alternativa para desfazer a confusão:

João, Pedro  levou  os  livros dele. Há casos, em que o  uso do pronome possessivo pode suscitar dúvidas a respeito do  possuidor. Assim, é  possível  trocarmos o pronome pelas formas dele, dela, deles, delas, do senhor, da senhor.

Se não souber o significado de uma palavra, procure um dicionário.

 

Nós, professores de Língua Portuguesa, sempre  dizemos  aos nossos alunos que, além da ortografia, a pontuação e a sintaxe,  a adequação  vocabular também  é fundamental.  Às vezes, o autor do texto equivoca-se por  falta de bom  senso  ao escolher um termo chulo; outras, erra por desconhecer o sentido  da palavra escolhida.

Fique atento:

Estou a  par de  suas   decisões.
O dólar  e  o euro  estão ao par.

A par = informado

Ao  par = equivalente

Leia mais no  blog:

Pontuação

Emprego de pronomes

8 Comments

  1. Sempre bom essas ideias esses vídeos de entendimento Boa ajudam a realizar ótimos textos claros e objetivos…

  2. Adorei essa propagandada ABI, se muitas propagandas tivessem o mesmo intuito de passar essas informações com um gancho educativo seria muito bem para a educação do nosso país.

  3. Bem a propósito:

    Estava lendo um livro de crônicas do Carlos Heitor Cony e pincei o seguinte trecho: “…Falo daquela samaritana que ele encontrou no poço e deu-lhe de beber….”.
    Quem deu de beber? Quem bebeu?
    Os leitores da Bíblia Sagrada sabem quem bebeu.

    1. Tem razão, Pedro, é um ótimo exemplo de ambiguidade. Como você mesmo disse, os leitores da Bíblia sabem quem bebeu e o texto esclarece que Ele é a água viva.
      Obrigada pela visita! É sempre gratificante ter seus comentários aqui. Um abraço!

  4. Oi Andréa!
    Como sempre, achei uma ótima contribuição essa sua postagem sobre a clareza textual. A indicação de leitura ao término do post também foi bastante oportuna.

    Adorei o novo espaço em que está o seu blog!
    Sucesso!
    Um abraço,
    Doris Soares

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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